terça-feira, 11 de maio de 2010

Vou Dizer Que Estava Sem Destino

Hoje à tarde, quando divagava pelas ruas de minha cidade "sem destino", tive a "impressão" de que já era hora de voltar para casa. Para continuar vivendo, como sempre, sem destino.
Quando avistei minha casa, ainda um pouco distante, ouvi um barulho, vindo de traz. Tive a sensação de que um suposto automóvel vinha de bem longe.
Depois me convenci que o barulho estava cruzando o mundo. Assim imaginei um avião e olhei para o céu da tarde.
Dessa vez, o barulho não me decepcionou. O avião estava se aproximando, o som mudando de timbre e ficando mais alto.
Tentei sem sucesso, descobrir quantas pessoas estavam dentro daquele avião. Enquanto ele passava, fui expulsando um grande número de pessoas desconhecidas de minha mente. Restaram apenas cinco.
O avião estava cruzando minha cidade, o barulho mudava enquanto a vida continuava na terra.
Não nego, senti inveja dessas pessoas. Todos estavam de passagem, sequer conhecem minha cidade e nem imaginam que eu existo.
Nessa tarde eu estava sem destino, ocupando minha mente com aquele singelo avião.
Quando finalmente o avião, acompanhado do ruído desapareceram por completo do céu, resolvi vislumbrar o entardecer. E mais uma vez me ocupei com pessoas que cruzavam o meu caminho - sem perceberem.
Dessa vez eram três pessoas reais, saindo do mesmo local de trabalho. Faz anos que elas lutam essa luta aparentemente parada. Rotina que quase nunca muda.
A vida se manifesta de maneiras distintas entre as pessoas. Elas são diferentes e cada uma assimila os acontecimentos do cotidiano de uma forma, muitas vezes de maneiras subversivas.
Observei o avião, imaginei as pessoas cheias de vida, vivendo. Mas não me imaginei no lugar delas.
Observei as pessoas que estavam perto de mim, me coloquei no lugar delas. Me senti mal por pensar dessa maneira. Continuei sem destino ao chegar em casa.

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