sábado, 12 de março de 2011

A dor de ver alguém sorrir

Um cara avistou uma moça na rua. Eles se entreolharam e nada aconteceu. O rapaz se encantou por essa tal garota que viu passar.
Então ele descobriu que ela trabalhava perto da faculdade onde estudava. Para a felicidade do garoto, a mocinha estava almoçando no mesmo lugar que ele costumava ir, era a primeira vez que frequentavam o local no mesmo horário.
Ele era um rapaz tímido, porém naquele dia conseguiu superar este obstáculo e pediu licença para se sentar na mesma mesa que ela. As outras mesas estavam todas ocupadas.
Para sua surpresa, a conversa fluiu como se já se conhecessem há anos. A partir daquele dia, começaram a se ver com mais frequência.
Os dias do pobre garoto começaram a ficar incompletos se caso ele não se encontrasse com a moça que… Espere, ele já estava apaixonado por ela! Ele sorria quando sem querer pensava naquela garota que parecia tão ingênua e ao mesmo tempo, inteligente.
Os dias foram se passando. Cada vez menos ele encontrava meios para conversar com a garota. Mesmo assim ela continuava sendo a dona das melhores conversas - e de seu coração também.
Quando ele estava longe dela, tentava não pensar no pior. Era muito difícil controlar sua mente. Começou a acreditar que ela já não gostava mais dele nem como um simples amigo.
Houve um dia em que ele finalmente se encontrou com ela. Tudo aquilo que o garoto imaginava ficou só no pensamento, para sua felicidade. Pensou em se declarar, não achou o momento certo.
Quando se despediram, ele foi para sua casa e teve a brilhante idéia de presentear o amor de sua vida. Foi então que se lembrou do dia em que estavam andando pelas ruas da cidade:
A garota comentou com ele que havia um livro do qual ela nunca tinha lido e que gostaria de comprá-lo. Era um exemplar de Clarice Lispector que lhe chamava a atenção. O cara ficou ainda mais admirado por ver que, assim como ele, ela se interessava pela leitura.
No dia seguinte, antes de ir para a faculdade, o garoto visitou a loja. Comprou o livro e escolheu o embrulho mais bonito. Estava ansioso e a cada passo seu coração batia mais forte. Ao sair da livraria surgiu à dúvida, se era certo se declarar e falar tudo para ela de seus sentimentos.
Foi então que ele resolveu esconder o presente na mochila do seu notebook.
Finalmente chegou à esquina, ficou esperando uns dez minutos até se encontrar com ela. Quando garoto iria pronunciar algo, e imediatamente tirar o presente de sua mochila, ela disse radiante que seu ex tinha ligado, pedindo desculpas e prometeu-a que tudo iria mudar. Ele olhou para os lados para disfarçar sua melancolia e depois ele disse que estava feliz por vê-la sorrir.
Despediram-se. Agora ele não precisava mais disfarçar a chuva de lágrimas que cavalgavam em seu rosto. Pensou melhor, ele não poderia chegar dessa maneira na faculdade. Resolveu sentar em um banquinho num parque não muito longe, para tentar se recuperar. Pegou o livro, chorou mais um pouco. Desconhecidos passavam, muitos deles querendo rir, alguns ficavam espantados ao ver aquela triste cena.
Quando conseguiu segurar suas lágrimas, convenceu-se de que já havia começado sua aula. Antes de partir, resolveu deixar o livro para trás, no banco.

Saiu, ele nem percebeu, mas tinha acabado de fazer uma boa ação.

Meia hora depois uma menina se desprendeu de sua mãe. Subitamente ela ficou preocupada com a filha, pensando no pior, tentando trazê-la de volta a realidade. Disse que estavam atrasadas para fazer qualquer coisa. A garotinha voltou para sua mãe sorridente: “Olha Mamãe, olha o que eu achei!”
A mulher achou isso estranho, pensou logo em devolver para o dono, mas não tinha nenhum nome escrito…

A dedicatória que ele escreveu para sua amada ele rasgou do livro antes de deixá-lo. Levou consigo os pedaços de papel. A dor que ele sentira tinha um nome um tanto platônico, não gostaria e nem achou certo dividir com desconhecidos o nome do seu amor.

A mulher resolveu esperar um pouco para ver se avistava alguém a procura do livro. Duas horas depois e ninguém apareceu. E então a menininha levou sorridente consigo o livro. Ela ainda não sabia ler e ficou ansiosa. Queria logo aprender a ler para saber o que estava escrito no livro. Anos mais tarde quando ela já conseguia dominar a leitura, ela pegou o livro, dessa vez ela podia ler e entender tudo o que estava escrito. Adorou, não parou mais de ler, comprou livros e visitava bibliotecas. Mais tarde se tornou escritora.

É injusto amar e não ser correspondido? Talvez não dessa vez…

4 comentários:

  1. Como uma coisa leva a outra

    Lhe visitei aqui também


    http://verdorinvisivel.blogspot.com/

    http://tinhahquedizer.blogspot.com/

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  2. adorei o seu texto, você tem belas palavras !

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  3. Lindo texto!
    Você escreve muito bem. Meus parabéns!
    Estou te seguindo viu! *-*

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